Escrito por James S. Dorr
Traduzido por Mauricio R B Campos
Ele era o terceiro prisioneiro
agendado para ser executado naquele dia.
Mas ele, ele era esperto. Ele conhecia o sistema. Até mesmo encarcerado,
ele sabia como arranjar para que suas necessidades pudessem ser
satisfeitas.
Isto incluía o pó obscuro que
sub-repticiamente o vento polvilhou, atrás dele em sua marcha através do
complexo prisional. Ele era do Haiti, o que significava que seria considerado
católico. Usando desse fato, poderia insistir que fosse levado à capela para
ter a bênção do padre antes de ser enforcado. Soube que fariam isto, aqueles
que o tinham capturado. Fariam isto, assim o mundo veria que respeitaram as
minúcias do tratamento do prisioneiro - e não se importariam com a convenção de
Genebra.
Mas ele mesmo não tinha o menor
interesse na política desse pessoal. Seu interesse agora era vingança. Ainda
agrilhoado, ainda guardado de cada lado, permitiu que fosse empurrado e
ajoelhou-se ante o altar da capela. Mas não prestou atenção nas rezas do padre.
Ao invés disso ele murmurou suas próprias palavras, que lhe foram ensinadas
anos antes pelos seus mestres de vodu, quando era apenas um jovem na precária
Porto Príncipe.
Ainda murmurou silenciosamente
enquanto era conduzido para fora, passou colunas de pedras descoradas, no
cadafalso, o laço recentemente esvaziado balançava lentamente. Suas mãos foram
amarradas atrás dele, andou os últimos passos passando pelos corpos de seus
companheiros de cativeiro. Derramou o último resquício de seu pó, então subiu a
escadaria até a plataforma de madeira. Sentiu o laço ser apertado em torno de
sua garganta.
O Comandante em pessoa leu as
acusações. Espionagem, contrabando, fomentar o descontentamento entre os
pobres, mas isso não importou. Sua culpa era apenas de viver, de fazer as
coisas que um homem deve fazer para manter-se e à sua família. Sua família que
tinha sido fuzilada ante seus olhos na noite em que os Federales capturaram-no.
Então, mais um detalhe, o
Comandante pediu que ele dissesse suas últimas palavras. Acenou, sim. Mas falou
em francês, no patois¹ de um bokor² haitiano, torcendo-se ao redor para ver,
uma vez mais, os cadáveres empoeirados abaixo do cadafalso. A terra para o
enterro além da pequena igreja.
Ele terminou sua maldição no
mesmo momento em que o alçapão-armadilha abriu, dando-lhe apenas um relance
final nos dois primeiros prisioneiros que começaram a se agitar. Os sons
distantes de terra se movimentando, e o quebrar dos caixões em sepulturas
rasas.
1. NT: Muitas das formas
vernáculas do inglês falado no Caribe, são referidos igualmente como o patois (soletrado ocasionalmente como
patwah). Anota-se especial referência ao creole jamaicano de 1934. Estes patois
são considerados frequentemente como barbarizações do inglês provocadas por seu
uso popular, de fato, nos países francófonos do Caribe, termo análogo para
variações locais do francês é crioulo. O Patois é falado igualmente na costa
atlântica de Costa Rica.[Francês, do francês antigo, possivelmente de pate,
pata, do latim *patta, talvez uma imitação de origem.]. Não confundir com o
sentido da palavra patuá, do português brasileiro, utilizado por religiões
afro-brasileiras (especialmente no estado da Bahia) com o significado de
amuleto, embora não possamos descartar uma origem comum para ambos os termos,
visto a relação quanto ao assunto (religiões africanas).
2. NT: Bokor, na religião vodu, são feiticeiros
ou houngan (sacerdotes) de aluguel, os quais se tem dito que 'servem à loa com
ambas as mãos', significando que eles podem praticar tanto magia negra quanto
magia benevolente. Sua magia negra incluem a criação de zumbis e a ciação de
'ouangas', talismãs que aprisionam espíritos.[Notícia de Voodoo, de
Self-Ascription Without Qualia: A Case-Study (PDF) - Chalmers, David J.;
Department of Philosophy, University of California, Santa Cruz (http://larskaos.squarespace.com/storage/actacon/black-sorcery/baggrundsmateriale%20om%20zombier%20og%20voodoo.pdf)]
Visite o website de James S. Dorr: http://jamesdorrwriter.wordpress.com/

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