Tristessa
O Zeitgeist Pré-Web
A Obra
“Tristessa gira em torno de um personagem central, Thomas, suas relações com algumas mulheres, e sua experiência em dois campos artísticos – a fotografia, e a literatura. Thomas é um fotógrafo, que teve uma namorada marcante na adolescência, Fernanda, casou-se com Joana, e separou-se aos trinta e tantos anos, depois de ter um caso com a jovem Marcela. A certa altura da vida resolve escrever um livro baseado em suas experiências pessoais mas ele não é publicado, e alguns anos depois é transformado em um hipertexto e colocado na rede a pedido de Thomas a um misterioso The Passenger – assim, o texto que lemos na internet é um elemento da história, como ‘um livro sobre um escritor que escreve um livro‘.” (ANZUATEGUI, 2003)
Alargando um pouco mais a perspectiva, pode ser esta.
A obra é uma espécie de autobiografia disfarçada do fotógrafo Thomas G. Marasco, pretenso escritor com um currículo cheio de projetos abortados de roteiros de cinema, livros de poesia e livro de contos. Sua única realização nesse campo foi o romance Solidão dos Sobreviventes, cuja forma logo se revelou defasada com o surgimento da mídia digital e suas narrativas hipertextuais. Diante dessa frustração, Thomas mergulha no projeto de adaptar o livro para o ambiente digital, algo que ele vai fazendo aos poucos,liberando o acesso aos amigos que aparecem na trama. A história que vai sendo publicada na web é a mesma que os leitores têm acesso, fazendo com que a leitura avance na medida em que os fatos da vida de Thomas acontecem. Assim, observamos sua angústia em ter que criar sua história numa linguagem ainda incipiente, ao mesmo tempo em que ele se aventura após o fim do casamento com Joana, mergulhando em relacionamentos esporádicos com as personagens Roberta, Fernanda e Marcela.” (RAMOS, 2013)
Ou estreitando a perspectiva, jogando o foco nas relações afetivas de Thomas, pode ser esta.
“Apesar de Thomas estilhaçar sua vida e suas relações amorosas por todo o site, e de colocar o leitor numa situação flutuante, de procura pelos sentidos desses fragmentos, toda a narrativa obedece a um comando central, todas as páginas dizem respeito a um único leitmotiv, a reconstrução de sua biografia.
…
Thomas não só saltita de lugar em lugar, estando ora em São Paulo, ora em Paris, ora em Veneza, como também passa de corpo em corpo, numa busca contínua.
Numa troca constante de parceiras, ele encontra Roberta, Marcela, Joana, Paula, Fernanda, todas personagens portadoras apenas de nomes comuns, sem sobrenomes, o que aumenta a imprecisão.” (NEITZEL, 2002)
“Num estilo de “texto em camadas”, Thomas Marasco escreve um livro que, supostamente, é a vida do autor. A sua vida…
Uma justificação que se consolida na continuação da leitura de Tristessa. Aos poucos, apercebemo-nos que Solidão dos Sobreviventes, é o livro que Thomas Marasco havia escrito no formato de papel e que reformulou para um formato electrônico. Ganhou um novo nome, – Tristessa.” (MARRAFA, 2006)"
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